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Ar Fresco

quarta-feira, março 08, 2006

Paridades...

O BE voltou à carga e, segundo o DN, desafiou o Governo para as paridades na política. Certamente embalados pela efeméride do dia, Dia da Mulher (para os mais distraídos), procuram forçar o Governo a introduzir a paridade, por lei, no Governo, nos institutos públicos e na Assembleia.

Ora isto de arranjar paridades por Decreto, normalmente dá mau resultado. Acaba-se, muitas vezes, por criar cargos para pessoas incompetentes. Mas já agora, e a paridade entre negros, brancos e amarelos? E entre católicos, muçulmanos, agnósticos e ateus? E entre hetero, homo e bissexuais? Não brinquemos...

Bem sei que vivemos numa sociedade predominantemente machista, onde predomina o apoio "fraternal" entre os membros do sexo masculino. Sei que muitas mulheres, por vezes, são afastadas de promoções devido ao facto de não jogarem golfe, não acharem piada a reuniões ao fim-de-semana à noite em bares de strip, não partilharem de outros gostos tipicamente masculinos e onde, normalmente, se tomam as decisões importantes.

Por outro lado, importa saber se a política não é uma área que seja desinteressante para as mulheres, se preferem optar por outras carreiras no privado melhor remuneradas e reconhecidas. Importa saber se a fraca representatividade das mulheres é apenas o reflexo de exclusão machista, ou se ainda não apareceram mulheres com "força" suficiente dentro dos partidos para disputarem a liderança.

Ainda neste ponto, podemos observar que, no que respeita a câmaras municipais, encontramos mulheres no poder, com liderança - ainda recentemente Maria da Luz Rosinha era presidente da AML. E certamente por esse Portugal inteiro conhecemos mulheres em cargos de relevo. Julgo que a política é um caso distinto, onde as mulheres se sentem mais afastadas por natureza, talvez pela corrupção, pelo amiguismo e pelo "tachismo" que aí abunda. Talvez porque vivemos hoje num contexto político, onde os líderes emergem não pelo carisma, pela experiência ou pelo valor intrínseco e profissional, mas porque passou com distinção por todas as etapas do "jotismo"...

Por fim, veja-se que o facto de os homens estarem em maioria na política nem sempre tem trazido benefícios... vejam-se grande parte da qualidade dos eleitos, sendo o sinal que até os (melhores) homens a política está a afastar.

Nota - veja-se que um cargo que, apesar de muito controlado pelos partidos, como a presidência da república, não tem apresentado muitas candidatas "independentes" a eleições.